“Por que isso está acontecendo comigo?” – com certeza você ouviu de alguém ou já se fez essa pergunta por diversas vezes.
São João Paulo II explica que esse questionamento não encontra resposta satisfatória quando feito a pessoas, mas somente faz sentido se apresentado a Deus: “O homem pode dirigir tal pergunta a Deus, com toda a comoção do seu coração e com a mente cheia de assombro e inquietude; e Deus espera por essa pergunta e escuta-a.” (SalviciDoloris, 10).
Atualmente, porém, observa-se que o homem está muito distante de entender o motivo do seu sofrer, devido a mentalidade hedonista, que vê no prazer o bem supremo, o fim e o fundamento vital.
No Antigo Testamento, comumente se atribuía o sofrimento a um castigo, como consequência de uma culpa. Todavia, esse sentido se esvazia quando se trata de um mal sofrido por um justo inocente. A respeito disso, diversos santos o descrevem como bênção divina: “quando o Senhor concede a alguém a graça de sofrer, faz-lhe um bem maior do que se lhe desse o poder de ressuscitar os mortos […] no sofrimento Deus se torna devedor ao homem”, disse São João Crisóstomo.
Ainda em perspectiva cristã, incorpora-se ao conceito de sofrimento também um significado salvífico. Se o amor divino foi tamanho que assim deu Jesus ao mundo para a salvação dos que nele creem, logo, só o mesmo amor pode justificar a experiência humana do sofrer, que participa na carne dos sofrimentos do próprio Cristo. Santo Afonso de Ligório revela as três chaves para enfrentar esses momentos, ao afirmar que a situação dos justos na terra é de sofrer amando, e que é preciso tomar a cruz, carregando-a com humildade, paciência e amor.
Em síntese, tenhamos em mente que à Cruz se segue a Ressurreição e, portanto, o sofrimento será sempre parte do mistério humano. Que jamais esqueçamos: “Por Cristo e em Cristo se esclarece o enigma da dor e da morte” (Gaudium et Spes, 22).