São João Damasceno nos auxilia no mais simples entendimento da oração ao conceituá-la como a elevação da alma a Deus. E, ao utilizar a palavra elevação, define-se imediatamente que essa prática une um ser inferior ao que está acima dele, neste caso: humano e divino, respectivamente.
Em nossa compreensão de vida cristã, reconhecemos que existe um único mediador entre Deus e os homens – Jesus Cristo. São Paulo em suas cartas insiste em recomendar aos povos a oração para a realização plena da vocação à santidade e, para isso, não sugere outro meio a recorrer senão a própria pessoa de Jesus. Disso, compreende-se que orar constitui um ato de fé e amor. A fé fundamenta nossa constante necessidade de ir à fonte de água viva para saciar a sede. Já o amor justifica o desejo de total abandono na vontade de Deus. No coração humano, esse amor se manifesta ao contemplarmos a paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, meditando sua entrega e sofrimento por nós.Se a santidade almejada nos remete à máxima perfeição de nossa vida, então São Francisco de Sales resume o método para alcançá-la quando cita “a perfeição consiste em amar a Deus de todo o coração”.
Entretanto, há um terceiro elemento essencial que sustenta o exercício da oração. “Que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos” (Fl 2, 3). A instrução do apóstolo nos descreve tal elemento, que é o impulso mais ágil e imediato à oração – a virtude da humildade: o homem deve sempre se portar como mendigo de uma graça imerecida, que é copiosamente derramada nos corações que reconhecem a grandeza divina. Que a fé e o amor acrescidos pela humildade cumulem em nós o desejo de estar com o Amado, de contentá-lo em tudo e de um dia unir-se a Ele para contemplá-lo face a face.