Há na concepção cristã duas etapas para conversão humana. A primeira refere-se ao ingresso no cristianismo com o sacramento do Batismo, por meio do qual o homem ultrapassa o paganismo, renuncia ao mal e aceita a salvação em Jesus Cristo, adquirindo a remissão dos pecados. Todavia, a Igreja reconhece que a conversão não se resume a um acontecimento, um episódio estático no tempo. Pelo contrário, trata-se de um processo interior que, após o sacramento de iniciação à vida cristã, segue-se com a constante renovação para purificação da alma pecadora – a segunda etapa.
O Catecismo da Igreja Católica explica que somente o esforço humano não é suficiente para que o indivíduo corresponda ao chamado de Deus a essa contínua mudança interior rumo à santidade; faz-se necessário a associação do arrependimento de coração com a graça divina suficiente, sendo esta a força propulsora que nos eleva e aproxima do coração de Deus, promovendo o encontro da miséria humana com a misericórdia divina.
A respeito dessas duas conversões, Santo Ambrósio descreve a existência “da água e das lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da Penitência”. Portanto, a penitência interior é concebida como o alicerce da segunda conversão, pois a transformação exterior do homem se dará também pela dedicação à prática de jejum, oração e esmola.